É provável que você desejasse ter alguém em quem confiar e desabafar. Como é singular ter alguém de confiança para compartilhar seus medos e temores, sonhos e conquistas!
Mas neste mundo marcado por interesses próprios, traição e infidelidade, falar de fidelidade parece ser uma perda de tempo. Contudo, isso só é verdade se buscamos por uma fidelidade manchada pelo pecado.
Por fidelidade manchada pelo pecado, queremos dizer que o homem é falho por ser pecador. Seus sentimentos, ações, relacionamentos não são perfeitos. Contudo, podem ser aperfeiçoados a cada dia pela graça de Deus.
A melhor alternativa é buscar pela fonte da fidelidade. Ela nunca seca; nela a fidelidade é incorruptível. Flui de um ser íntegro por sua própria natureza. A fonte da fidelidade é Deus, o criador de toda a terra; a fonte da vida.
A fidelidade de Deus é narrada com clareza e perfeição nas Escrituras. Ao olharmos atentamente para as Sagradas Letras, enxergamos um Deus fiel. Esse Deus é conhecido como “Deus de aliança”. Isto é, comprometido com Sua palavra, infalível em suas promessas.
1. Deus é Fiel à Sua aliança
Quando Adão e Eva caíram, Deus fez uma aliança com o homem de que a semente da mulher pisaria a cabeça da serpente (Gn 3.15). Essa aliança é uma promessa redentora, pois, mesmo em meio ao juízo, Deus estabeleceu a esperança de redenção ao homem caído e preservou a linhagem prometida.
Observamos que, desde o Éden, Deus tem sido fiel ao Seu propósito redentor. Preservando a linhagem de Adão através do seu filho, Sete (Gn 4.25-26); Sustentou Noé em meio ao juízo (Gn 6.8); fez uma aliança com Abraão; e reiterou com Moisés. Esse acordo seria cumprido em Cristo (Gn 12.1–3; Lc 1.72–73; 2Co 1.20).
Nesse sentido, fica claro que a imutabilidade de Deus é uma forte característica da sua fidelidade. Ou seja, não há variação no ser de Deus.
O mesmo não se pode dizer do ser humano. O homem é falho e está sempre pecando, rompendo o seu compromisso com Deus. Diante disso, o ser humano, ao invés de se aproximar, se afasta cada vez mais do seu criador, tal como Adão.
Contudo, Deus revela a sua fidelidade no exercício de Sua misericórdia, como registrou o profeta:
“As misericórdias do Senhor são a causa de não sermos consumidos, porque as suas misericórdias não têm fim; renovam-se cada manhã.” (Lm 3.22-23).
É consolador saber que a cada dia somos alvos da misericórdia de Deus. Essa graça é infalível.
Nesse sentido, podemos afirmar que a fidelidade de Deus é uma das características consoladoras da natureza divina porque Deus não nos trata como merecemos, mas com misericórdia.
O Deus de aliança permanece fiel mesmo diante da infidelidade humana, conforme registra o salmista:
“Jamais retirarei dele a minha bondade, nem desmentirei a minha fidelidade.” (Sl 89.33–34).
Nota-se que a fidelidade de Deus é incorruptível, pois ainda que o ser humano falhe, o Senhor é íntegro em suas promessas. Isso se traduz num convite para o repouso espiritual no Senhor.
Confiar em Deus é a melhor oportunidade que alguém pode ter para descansar o seu coração. Experimente, de todo o coração, entregar a Deus a sua vida. Ele cumpre o que promete.
2. Deus cumpre Sua promessa
Em virtude do seu próprio caráter imutável, Deus é eternamente fiel às Suas promessas. Ele não falha!
O apóstolo Paulo, escrevendo a Timóteo, declarou que: “Se formos infiéis, ele permanece fiel; ele não pode negar a si mesmo.” (2Tm 2.13).
Esse verso é frequentemente interpretado de modo equivocado. Muitos acreditam que Deus é fiel ao homem, mesmo quando esse tropeça e pratica o mal. É verdade que Deus é misericordioso, compassivo e longânimo para com o ser humano falho. Todavia, a fidelidade de Deus não é para com o homem, mas para consigo mesmo.
Como entender isso? Para responder a isso, podemos observar a passagem de Deuteronômio 28.1-68. Nesse capítulo encontramos um conceito claro sobre a fidelidade de Deus.
Observe que essa passagem está dividida em duas partes. Na primeira parte (vv. 1-14), Deus afirma que abençoará o seu povo se este for obediente em todas as coisas. Na segunda parte (15-68), o mesmo Deus faz uma advertência sobre os perigos da desobediência.
Deus é absolutamente claro em mostrar que existe uma consequência para a obediência e outra para a desobediência.
Para o servo obediente, o texto lista a prosperidade na cidade e no campo; a abundância de bens; além de saúde e vitória sobre inimigos.
Em contrapartida, a desobediência deste resulta em maldições severas. Isso inclui miséria, doenças, derrotas e a perda de bens e familiares; os desobedientes enfrentarão pragas, fome e opressão, e serão levados ao cativeiro, onde servirão a deuses estranhos. Ademais, a vida desses rebeldes será marcada por angústia e desespero, e eles experimentarão a perda de tudo que possuem, incluindo a própria dignidade.
Não há dúvidas de que, para aqueles que seguem os mandamentos de Deus a promessa é sublime, mas para os rebeldes, o castigo é certo.
Observe que, da mesma maneira que Deus promete abençoar, ele promete amaldiçoar. Assim, a bênção e a maldição dependem do compromisso do homem com Deus.
A fidelidade de Deus, portanto, está em cumprir com a sua promessa. Ao que obedecer aos mandamentos de Deus, bênçãos! Ao que desobedecer os mandamentos de Deus, maldição!
É nesse sentido que afirmamos que Deus é fiel a si mesmo. Deus é fiel em cumprir com a Sua Palavra. Segurança e prosperidade para os obedientes – Insegurança e ruína para os desobedientes.
Portanto, servir ao Deus da aliança é um privilégio. Ele não deixará que Sua promessa caia por terra, mas cumprirá o que falou: “Se formos infiéis, ele permanece fiel; ele não pode negar a si mesmo.” (2Tm 2.13). Em outras palavras, Deus cumprirá o que prometeu para o servo bom e o que prometeu para o mau.
Cabe a pergunta: que tipo de servo é você, bom ou mau?
3. DEUS É FIEL EM SUA OBRA REDENTORA
Não obstante o pecado nos afastar de Deus, a promessa redentora feita ainda em Gênesis 3.15 é a grande expectativa para o pecador.
As promessas de Deus não falham. Josué testificou: “Nenhuma promessa falhou de todas as boas palavras que o Senhor falou” (Js 21.45). Ele prometeu enviar o Salvador — e cumpriu. Prometeu estar conosco até o fim — e cumpre. Cada palavra de Deus é digna de confiança, pois procede de um caráter imutável (Nm 23.19; Hb 10.23).
João registrou que “Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo 3.16). Cristo é a prova de que Deus é fiel em sua obra redentora.
O mundo reconhece a presença de Cristo na história. A obra redentora de Deus foi realizada, ainda que homens tementes a Deus tenham falhado em certos momentos da sua caminhada, como Moisés e Davi. Assim, percebemos que a fidelidade divina não depende do desempenho humano, mas da Sua própria natureza fiel.
Conforme declara a Bíblia: Mesmo quando somos infiéis, Ele permanece fiel, pois não pode negar a Si mesmo (2Tm 2.13). A fidelidade de Deus é o alicerce da nossa esperança.
Diante da imutabilidade de Deus, o crente é atraído por Sua fidelidade. Somos encorajados a confiar no Deus que não falha. Essa confiança gera fruto em santificação, pois a fidelidade divina nos leva a obedecer com gratidão, não com medo.
Comentando João 3.16, Reverendo Hernandes diz que: “A ênfase não é que Deus seja capaz de amar um mundo tão grande, mas capaz de amar um mundo tão mau. Deus amou o mundo mau para redimi-lo”[1].
Ou seja, Deus se compadeceu de pessoas que não tinham nada a oferecer. Estavam mortas em seus delitos e pecados (Ef 2.1). No entanto, a fidelidade de Deus não foi interrompida pela natureza caída do homem.
Portanto, a fidelidade de Deus é como o sol da manhã: mesmo quando nuvens escuras cobrem o céu, o sol continua lá, firme, brilhando além do que os olhos podem ver. Deus não deixa de ser fiel só porque nossos olhos não veem — Ele permanece constante, mesmo quando nossos sentimentos oscilam”.
Quando tudo parece ruir e as promessas parecem distantes, lembre-se: você está seguro em uma aliança eterna, selada pelo sangue de Cristo (Hb 13.20). A fidelidade de Deus à Sua aliança é o alicerce da nossa salvação e segurança. Ele não muda, não mente e não abandona aqueles a quem amou desde a eternidade (Rm 8.29–30).
Diante dessa verdade, Deus está nos chamando a dar passos concretos de fé. Cremos que Ele é fiel e não falha. Podemos acreditar que sua fidelidade não depende da nossa perfeição. Pois é devida à nossa imperfeição que ele se compadece de nós.
Vamos juntos, crer na fidelidade de Deus! Lembre-se: Deus é imutável! Ele permanece constante.
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[1]. LOPES, H. D. João: As Glórias do Filho de Deus. 1. ed. São Paulo: Hagnos, 2015. p. 103.
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